Há naufrágios causados por tempestades. Outros, por má navegação. No caso do governo Lula, o naufrágio foi voluntário — e o iceberg, um imposto. Ao impor o aumento do IOF como condição para governar, Lula não apenas errou a rota: desprezou o próprio mapa. O mar não perdoa soberba.
A derrubada do decreto não foi só uma vitória parlamentar. Foi o colapso simbólico de um modelo que ainda crê que gritar é governar. Hugo Motta, discreto, frio, cirúrgico e silencioso virou o leme e deixou o capitão colidir com o iceberg do próprio ego. O Congresso respondeu com votos. E votos, como a água, têm o poder de afundar gigantes.
O paralelo com Getúlio não é forçado. Em 1954, o desespero de Vargas explodiu em chumbo. Em 2025, Lula está sitiado pela própria vaidade e por um Congresso que já não se curva. A diferença é que Getúlio carregava um revólver. Lula, apenas uma caneta — e cada vez mais despintada.
A mídia gritou “traição”, mas fidelidade a aumento de imposto é masoquismo tributário. O Centrão morde, mas só quando sente fome. Depois assopra. Hugo Motta mordeu e assoprou. E o Planalto estremeceu.
O IOF, imposto invisível, expôs a fragilidade de um governo que diz ser popular, mas quer aplicar imposto até no Pix. O povo pode até ser distraído, mas não é imbecil. Quando dói no bolso, a memória volta. E agora voltou.
Lula foi avisado. O iceberg estava no radar. E mesmo assim insistiu em navegar como se fosse o único comandante autorizado a afundar o Brasil. Mas até o Titanic tinha banda. Aqui, só restou o tambor de um ego machucado.
E agora?
Vai renunciar? Vai escrever sua carta? Vai apertar o gatilho?
Ou seguirá encenando capítulos de uma epopeia onde só ele é o herói e o povo, coadjuvante sem fala?
A tragédia de Vargas foi o silêncio. A de Lula pode ser o barulho vazio de quem não percebeu que perdeu a plateia. A história, quando não é escrita com coragem, vira paródia. E a democracia, quando não ouve o “não”, acaba naufragando nos próprios delírios de suas mentiras fabulosas.
CR10 na área — “BILANDO” a cidade e ensinando que até o mar perde a paciência e se revolta.