Carla Zambelli, deputada federal e uma das principais figuras do bolsonarismo, está oficialmente foragida. Condenada a mais de dez anos de prisão por financiar e coordenar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, anunciou na terça-feira (3/6) que está fora do país. Disse, em entrevista, que está nos Estados Unidos e que seu destino final é a Itália, onde tem cidadania. Porém, o passaporte italiano não a protege da Justiça brasileira.
O pedido de prisão preventiva já foi encaminhado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Que acredita que a fuga foi uma tentativa de driblar a responsabilização por atos antidemocráticos e criminosos.
Zambelli está licenciada do mandato, mas a mensagem deixada é clara: ao invés de responder às acusações, escolheu deixar o Brasil. O gesto é político. Ao fugir, desafia a Justiça, sinaliza apoio a teorias conspiratórias e tenta se vitimizar diante de seu público.
A situação expõe o desgaste da base bolsonarista. Jair Bolsonaro já havia culpado Zambelli pela sua derrota eleitoral em 2022, após o episódio em que ela sacou uma arma em via pública. O movimento que se apresentava como guardião da lei e da ordem hoje se desmancha em fugas, omissões e investigações.
Não é demais lembrar que Eduardo Bolsonaro também está fora do país e, até o momento, sem previsão de retorno. A ausência de dois dos nomes mais conhecidos da extrema direita brasileira enfraquece a articulação política da oposição e cria obstáculos tanto no plano eleitoral quanto nas disputas internas da direita.
A fuga de Zambelli simboliza o esvaziamento de um discurso que já não se sustenta nos tribunais nem nas urnas. A Justiça precisa agir com firmeza. E o país precisa de estabilidade, responsabilidade e seriedade institucional. Fuga não é defesa. É renúncia à verdade.
*Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 4 de junho de 2025.