O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), defendeu a reforma administrativa no Brasil e criticou o modelo atual do Estado, classificando-o como ineficiente, injusto e insustentável. A declaração ocorreu no segundo dia do Fórum Esfera, que reuniu grandes nomes da economia e do poder público para discutir os rumos do Brasil.
“Chegamos a um ponto de inflexão. Estamos em uma encruzilhada e chegou a hora de decidir nosso destino. É um dos raros momentos em que o país precisa escolher entre adiar o inevitável ou enfrentar o inadiável. Nossa economia é moderna, sólida, tem bases fortes em instituições consolidadas. Ainda assim, estamos aprisionados pelos interesses de poucos em detrimento de muitos”, afirmou Motta.
Para Motta, o peso do Estado tem recaído de forma desigual sobre a sociedade, prejudicando especialmente quem trabalha e produz. “Presos a um modelo de Estado que gasta muito, entrega pouco e cobra cada vez mais de quem produz. Temos uma máquina pública que engorda enquanto o cidadão emagrece. E isso não é justo”, declarou.
Artigos Relacionados Com metáforas, o deputado ilustrou sua visão sobre a estrutura pública brasileira. “O atual modelo de Estado virou uma espécie de grande costureira. A cada crise é um novo remendo no cobertor. Só que este fio está acabando e, se nada for feito, esta costureira morre e leva o país junto. Temos um modelo fiscal que, ao invés de organizar o presente, transfere as angústias para o futuro. Isto não é ineficiência, isto é injustiça. Porque a conta sempre cai no colo do mais fraco. O brasileiro já apertou demais o cinto. Não é razoável que o Estado siga aumentando a própria barriga”, disse.
Proposta da reforma
O presidente da Câmara anunciou que pretende apresentar à sociedade uma proposta de reforma administrativa nas próximas semanas. “Dentro dos próximos 40 dias vamos ter uma proposta para apresentar para a sociedade brasileira. Uma proposta que traga as inovações tecnológicas que são usadas pelas empresas e hoje podem ser adaptadas ao nosso poder público. Precisamos instituir a meritocracia no serviço público. Precisamos modernizar para que, ao menor custo, se consiga entregar serviços de mais qualidade à nossa população. É essa, sem dúvida alguma, nossa principal missão desta reforma administrativa que queremos para o Estado brasileiro”, prometeu
Além da reestruturação do funcionalismo, Motta também defendeu a revisão das isenções fiscais concedidas no país, apontando falta de controle sobre os benefícios.
“Estamos colocando na mesa de discussão um corte nas isenções fiscais que, ao longo do tempo, foram dadas no nosso país. Isenções estas que chegam a um número não mais possível de suportar pelas contas do nosso país e não têm um mínimo de controle da contrapartida que deve ser dada a quem os recebe à nossa sociedade. É uma conta que só aumenta e não tem absolutamente nada de acompanhamento do que está sendo recebido em troca”, afirmou, informando que vai discutir o tema em reunião com a equipe econômica do governo neste domingo (08).
Por fim, o parlamentar evitou atribuir responsabilidade exclusiva a governos específicos. “Não é um problema deste governo ou do governo passado. É um problema que vem se acumulando ao longo dos governos e agora temos a obrigação de encarar esta agenda”, concluiu.