A história é uma senhora teimosa: insiste em repetir-se com novos figurinos e velhos truques.
No palco atual da política brasileira, o roteiro não mudou muito desde a Roma Antiga — só trocaram os figurantes.
Naquela época, imperadores, temendo a fúria popular e sua própria incompetência, lançavam mão da clássica fórmula: Panem et circenses — pão e circo para as massas.
Hoje, trocamos o trigo pelo Bolsa Família e os espetáculos de bigas pelas lives populistas.
Lula é um mestre dessa alquimia temporal: distribui esmolas travestidas de políticas sociais, enquanto protagoniza um circo itinerante de discursos vazios, frases de efeito e narrativas recicladas.
E que espetáculo!
Na Antiguidade, contratava-se palhaços para entreter o povo no picadeiro.
Hoje, o próprio Lula faz esse papel com notável maestria.
Ele discursa para sua bolha — uma plateia fiel que ri das bobagens como se fossem tratados de economia, que aplaude cada mentira repetida como se fosse epifania.
E como todo palhaço precisa de assistentes, sua militância cumpre bem o papel: não são gladiadores, mas gladiolas — flores frágeis adornando a cena patética do engano coletivo.
Do outro lado do picadeiro, temos Bolsonaro, que pescou no baú medieval a estratégia do Bobo da Corte.
Compreendeu que o povo — farto de corrupção, violência e degradação moral — queria rir de alguma coisa, nem que fosse da própria desgraça.
E assim se cercou de “Bolsominions”, bobos voluntários que, em vez de entreter os reis, passaram a fazer a elite, o gado e até os próprios inimigos rirem das suas patetices.
E deu certo: foi eleito.
Mas o truque não sustentou o poder.
Na Idade Média, o Bobo da Corte tinha seu espaço no salão; o trono era do rei.
Bolsonaro não entendeu essa diferença — vestiu a carapuça de bobo no palácio presidencial, inverteu os papéis e continuou brincando com coisa séria: pandemia, saúde, ciência.
Transformou o cercadinho no picadeiro oficial da República, como se o povo não percebesse que o pão estava mofado e o circo, decadente.
No fim, ambos caíram na mesma armadilha dos antigos mestres da enganação: subestimaram a inteligência popular.
O povo pode até aceitar o pão velho e o circo improvisado por um tempo, mas cedo ou tarde enxerga que está sendo tratado como idiota.
E o povo é besta, mas não é bobo.
Hoje, o que resta é um país exausto, preso entre um palhaço oficial e um bobo amador.
Segundo pesquisa Quaest, divulgada em 5 de junho de 2025 pelo portal G1, 66% dos brasileiros são contra uma nova candidatura de Lula em 2026, e 65% rejeitam que Bolsonaro concorra novamente — e com razão.
A História já ensinou que governos que dependem de pão e circo para sobreviver, cedo ou tarde, ruem.
Porque a barriga esvazia, a paciência esgota e o riso morre.
O palco está montado para 2026.
Resta saber: o povo continuará refém da velha receita de pão mofado e circo — vivendo satisfeito com migalhas — ou vai, enfim, levantar-se, tomar o picadeiro e mostrar que nenhum circo sobrevive quando o público decide ser o protagonista da história.
CR10 na área “BILANDO” a cidade.
Nota pé:
Espetáculos de Biga — Grandes corridas realizadas nos circos da Roma Antiga, especialmente no Circo Máximo. As bigas eram carros de corrida de duas rodas, puxados por dois cavalos, conduzidos por aurigas (condutores profissionais). Tais espetáculos reuniam multidões e eram financiados pelo Estado como parte da política de panem et circenses (“pão e circo”), destinada a entreter e distrair a população, desviando sua atenção das crises e dos problemas políticos do Império.