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A PREFEITA DO TIKTOK*

Patrícia Alencar, do MDB, publicou a gravação em seu perfil pessoal, fechado ao público, mas as imagens rapidamente ganharam os grupos de aplicativos de mensagens e se tornaram pauta nacional.

Misael Nóbrega
Por: Misael Nóbrega
10/06/2025 às 10h44
A PREFEITA DO TIKTOK*

Na semana passada, um vídeo da prefeita de Marituba, no Pará, dançando forró de biquíni viralizou nas redes sociais e dividiu opiniões entre moradores e eleitores da cidade. Patrícia Alencar, do MDB, publicou a gravação em seu perfil pessoal, fechado ao público, mas as imagens rapidamente ganharam os grupos de aplicativos de mensagens e se tornaram pauta nacional. Em resposta, ela afirmou: “Quem tem luz própria, podem tentar derrubar, mas Deus não deixa cair.”

De fato, não estamos aqui para apagar a luz de ninguém. A vida pessoal de uma autoridade, desde que não comprometa o decoro do cargo nem envolva recursos públicos, é um direito legítimo - e deve ser respeitada. Porém, é preciso lembrar que a cadeira que se ocupa exige mais que um corpinho bonito, ritmo e ousadia: exige compostura.

Mas talvez o mais preocupante nesta história não esteja no vídeo em si — e sim na luz que ele joga sobre a lógica atual de muitos prefeitos, vereadores e gestores públicos: o uso das redes sociais como palco de vaidade institucional e promoção pessoal disfarçada de trabalho.

Se o vídeo da prefeita dançando incomodou, mais graves ainda são as encenações frequentes de outros gestores, que surgem nas redes sociais como verdadeiros garotos-propaganda da própria gestão, entregando obras públicas como se fossem favores pessoais, treinados para dizer frases de efeito, muitas vezes com cenário, roteiro e até atores coadjuvantes - normalmente crianças, idosos ou gestantes, a parte mais vulnerável da população, usada  para reforçar uma narrativa de "governo presente e humano".

Esse tipo de conteúdo, que parece espontâneo, é cuidadosamente roteirizado, filmado com técnicas profissionais, inflado com visualizações compradas e recheado de demagogia. Mas não passa de marketing. Não é institucional, é pessoal. Não é prestação de contas, é autopromoção.

A comunicação oficial deve informar - e não manipular. O Superior Tribunal de Justiça já reconheceu que o uso de canais e símbolos institucionais para promover a imagem pessoal do gestor pode configurar ato de improbidade administrativa.

O prefeito que entrega um conjunto habitacional, uma escola reformada ou uma frota de veículos não está fazendo favor - está cumprindo seu dever.

*Editorial do jornal Notícias da Manhã da Rádio Espinharas FM de Patos, 97.9, em 9 de junho de 2025.

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