O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou, em entrevista ao CNN Arena, nesta sexta-feira (27), que, se ele fosse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iria cortar "uns 20 ministérios", enquanto discutia a queda de popularidade do governo em contraste com o nível alto de emprego.
"Se eu fosse o presidente Lula, iria cortar uns 20 ministérios. Porque, de fato, não tem justificativa você ter composição de ministros de partidos dos quais os partidos não têm compromisso com a governabilidade", acrescentou Reginaldo à CNN, durante debate do qual participou junto ao deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS).
Hoje, a Esplanada dos Ministérios tem 38 pastas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego no Brasil recuou para 6,2% no trimestre encerrado em maio. O resultado representa uma redução de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025, quando estava em 6,8%. Já o índice de eleitores que consideram Lula como ótimo ou bom é de 23,9%, o menor percentual desde o início do governo, em janeiro de 2023, segundo pesquisa Futura/Apex.
Para Reginaldo, o atual momento "é bom" para se fazer "uma reforma ministerial". Além disso, defende realizar "um governo mais enxuto, com políticas públicas que interagem entre si e não competem entre si, eliminam sobreposições e podem dar mais eficiência".
"Hoje os partidos estão todos divididos. Você tem partido que tem três ministros e parte dele é governo e parte é oposição. Não altera muito, mas é evidente que o governo precisa fazer um arranjo melhor na sua governabilidade", destacou Reginaldo.
"Mudou muito o modelo de governabilidade. Os presidentes não presidem, os líderes não lideram e os ministros também não coordenam. Precisa fazer um modelo novo desta composição", continuou.
Segundo o deputado petista, há uma desconexão entre os bons resultados econômicos do país e a baixa popularidade do governo Lula. Reginaldo argumenta que o Brasil vive hoje um cenário de estabilidade, com inflação controlada, crescimento econômico e redução do desemprego, chegando próximo do "pleno emprego". No entanto, apesar desses indicadores positivos, a aprovação do presidente não acompanha esses resultados.
"Esta questão dos próprios programas sociais, com o nível de desocupação, tem a ver também que o Brasil ficou oito anos sem ganho real de salário mínimo. Então você teve um aumento da transferência de renda e não houve um aumento de ganho real do salário mínimo", disse à CNN. "Então é evidente que isso foi um desencontro, um erro da política do salário mínimo no país. Então, com tudo isso, é evidente que o presidente Lula deveria ter uma aprovação muito melhor", continuou o deputado.
Reginaldo afirma que isso ocorre, em parte, porque o governo comete erros na comunicação e na narrativa política. Há muita desinformação e dificuldade em transmitir para a população que a situação econômica melhorou. Por isso, o cidadão comum não percebe essa melhora no seu dia a dia, gerando essa diferença entre o "mundo real" [os indicadores econômicos] e a "percepção" da população.
"Tem muita desinformação ou muitas informações chegando ao mesmo tempo, e eu acho que o governo erra na narrativa, erra na capacidade de diálogo. Por isso tem um descasamento entre a percepção com o mundo real", declarou Reginaldo.
Ainda de acordo com o deputado, "se você pegar a média do crescimento econômico do Lula 3, é muito superior ao Lula 1. Quando você avalia a popularidade do governo Lula 3, é muito menor do que o presidente Lula 1". "Então, na minha opinião, o que significa é isso: é uma separação nesse momento da percepção do cidadão comum do real. Se a gente acertar no debate político, na comunicação, o presidente Lula recupera essa popularidade", concluiu.