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“Quando a panela encontra a tampa — e o prefeito, o testo”

No caso em tela, não foi Deus quem fez o par. Foi o destino, cansado da mesmice, que resolveu testar a compatibilidade entre uma socialite glamourosa e um prefeito calejado.

CR10
Por: CR10
29/06/2025 às 13h35 Atualizada em 29/06/2025 às 14h00
“Quando a panela encontra a tampa — e o prefeito, o testo”

“Não é porque a mentira está de salto que a verdade deixou de usar sandália.”
— Provérbio reinventado por quem já tropeçou na própria razão.

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.”
— 1 Coríntios 13:4

Deus escreve certo por linhas tortas? Discordo. Deus escreve certo por linhas certas — e não se discute. Quem rabisca torto somos nós, com canetas emprestadas por paixões erradas e ambições desmedidas. No caso em tela, não foi Deus quem fez o par. Foi o destino, cansado da mesmice, que resolveu testar a compatibilidade entre uma socialite glamourosa e um prefeito calejado. E, surpreendentemente, deu certo. A panela encontrou o testo. Não a tampa. O testo.

Eliane Gomes Stillo — uma mulher que parece ter saído de uma revista de luxo, mas com alma de feira livre: bela, inteligente, espirituosa e, acima de tudo, desarmada. Uma socialite que não faz pose pra ser — simplesmente é. Uma beleza que chega a humilhar os padrões e a desestabilizar os julgamentos apressados. Já o prefeito Nabor Wanderley, convenhamos, não figura na lista dos galãs da política nacional — e aqui, sem hipocrisia, vale a confissão: que os babões do prefeito não se irritem, pois não acho macho bonito. Talvez porque eu seja machista — e a culpa não é só minha, é do sistema que nos ensinou a ter preconceito. Mas, justiça seja feita, estou tentando me adequar a essa nova realidade, ainda que aos tropeços e com certa relutância.

E, mesmo assim, quem precisa de beleza quando se tem o dom de sobreviver à política paraibana com a humildade intacta?

Diriam os defensores do óbvio: “Mas que casal improvável!” Ao que eu retruco: só é improvável para quem vive de aparências. O amor, esse traste anarquista, nunca respeitou a liturgia das etiquetas sociais. E, quando ele bate ponto em gabinetes e camarins, não se importa com o corte do terno nem com o tom do batom — só com a verdade que mora no olhar.

Claro, não sejamos hipócritas. O poder é afrodisíaco. Diante da caneta cheia e do cofre aberto, até a sinceridade sorri de canto. Mas há algo diferente aqui. O povo já jogou pedra. Jogou lama. Jogou até emoji de vômito em rede social. E ele, o prefeito, não apenas continuou de pé — aprendeu a retribuir com flores. É a humildade pós-traumática, refinada à base de críticas. E quem apanha calado aprende a falar a língua do silêncio.

Eliane, com seu carisma embriagante (às vezes, literalmente), parece estar aprendendo que o amor verdadeiro não é a festa, mas o cuidado na ressaca. E que, por mais glamouroso que seja o encontro de almas, quando a necessidade entra pela porta, o amor sai pela janela — a não ser que haja, entre eles, algo mais resistente que o verniz da vaidade. E, se Nabor tiver juízo — e um pouco menos de álcool — perceberá que uma mulher que te ergue quando o copo te derruba vale mais que qualquer trono de urna.

O povo? Ah, o povo. Esse mesmo que bate palmas hoje, amanhã cospe sorrisos. Falsidade virou patrimônio imaterial da política. E saber disso é mais importante que ser bonito. Porque a beleza, como a eleição, é transitória. Mas o caráter — e a humildade — são o que te mantêm quando o mandato acaba e só sobra o CPF.

Nabor não é um mito, tampouco um mártir. É apenas um homem que entendeu que carregar crianças no colo não é marketing — é símbolo. Um gesto quase bíblico num tempo de selfies e slogans vazios. Eliane não é só um colírio social: é a mulher que pode ser o antídoto para os excessos do ego masculino.

Então, quando a panela encontra o testo — e não apenas a tampa — talvez seja um sinal de que ainda existe espaço para a prosa onde antes só havia pose. E, se o álcool voltar a tentar puxar o prefeito para a sarjeta, que Eliane tenha forças de amor e lucidez para arrastá-lo de volta à calçada da história. Porque, convenhamos: com todos os defeitos que se possa apontar, ele ainda é melhor que muitos que se dizem santos, mas não passam de vinho barato com rótulo francês.

E, quem sabe, no fim das contas, seja mesmo esse amor improvável, esse par fora do script, esse entrelaço de opostos, que possa nos salvar — nem que seja daqueles que governaram a cidade durante cinco gestões, e que por pouco não nos empurraram para o abismo e, no entanto, até hoje ainda pisamos em resquícios do desgoverno de outrora.

É fato que a gestão atual precisa concluir obras inacabadas — que mais parecem promessas deixadas no Tinder — e melhorar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, porque até o asfalto de Nabor tem autoestima baixa: some na primeira chuva.

Mas, quem sabe, o amor — esse bendito corretor de rotas — possa despertar o gestor para dentro de si. Porque, sendo bem cuidado, talvez ele aprenda a cuidar melhor dos outros. Afinal, quando a autoestima do prefeito melhora, melhora também o capricho com a cidade. O amor, dizem, transforma. E se já está transformando o coração, que comece também pelos buracos, pelas calçadas e, quem sabe, pelos contratos.

CR10 na área “BILANDO” a cidade

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