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No Brasil o poder público anda a pé e os criminosos de motocicleta

Munidos de um sistema operacional desburocratizado, os criminosos parecem ser mais ágeis, criativos e versáteis que o poder público.

Deusimar Guedes
Por: Deusimar Guedes
01/07/2025 às 12h44 Atualizada em 01/07/2025 às 12h51
No Brasil o poder público anda a pé e os criminosos de motocicleta

No Brasil não é novidade que o poder repressor estatal quase sempre só aja de forma reativa, tentando remediar o fato já ocorrido. Muito raramente são empreendidas políticas públicas de cunho preventivo, ou seja, estamos sempre “correndo atrás do prejuízo”, como diz o ditado popular. E, em se tratando de segurança pública, não é diferente, pois as ações e estratégias do poder público, relativas a esta área, em geral, andam sempre a reboque daquelas dos infratores.

Munidos de um sistema operacional desburocratizado, os criminosos parecem ser mais ágeis, criativos e versáteis que o poder público. E assim, à medida que suas estratégias ilegais são identificadas pela fiscalização oficial, estes as modificam com uma rapidez dificilmente alcançada pelos órgãos estatais, uma vez que estes últimos são guiados por uma burocracia interminável e morosa e geralmente agem de forma desarticulada.

Esta cultura em agir apenas de forma predominantemente reativa, ou repressiva, e quase nunca preventivamente, acontece não apenas com a segurança pública no tocante ao combate às violências, como também com a saúde pública em que é notória a ausência e ou precariedade das ações de prevenção a doenças, campanhas educativas de vacinação etc.

É comum ouvirmos as pessoas em geral ou os próprios técnicos e autoridades afirmarem que “prevenir é melhor que remediar”, ou seja, todos concordam com este sábio princípio popular e verdadeiro, mas então porque será que não se age desta forma? È apenas uma questão puramente cultural, ou está faltando nas autoridades e na população como um todo a mesma ousadia, iniciativa, criatividade e agilidade dos criminosos?

Como exemplo de “modus operandi” de violência, lembro que, quatro décadas atrás, ainda nos anos oitenta, os mais perigosos cartéis criminosos do tráfico ilícito de drogas, estavam alojados na vizinha Colômbia, especialmente nas cidades de Cali e Medelin. Ali, os índices de criminalidade, especialmente homicídios praticados pelos participantes das citadas organizações criminosas, eram altíssimos, e a maioria dos assassinatos eram praticados por duplas de motoqueiros que surpreendiam suas vítimas em qualquer lugar em que elas se encontrassem. Ou seja, esta modalidade de ação criminosa, que era comum há décadas naquele país, também passou a ser utilizada no Brasil há bastante tempo e continua predominando na atualidade, especialmente para vitimar jovens usuários e pequenos traficantes de drogas. Por que será que mesmo sendo esta prática tão antiga, o nosso país não consegue fazer frente a ela? A Colômbia, um país também da América do Sul, com cultura parecida com a brasileira, conseguiu diminuir sensivelmente esta modalidade de assassinatos há décadas, mas no Brasil tal prática só tem piorado, e as autoridades não conseguem desenvolver estratégias e ações novas que façam frente a esta prática criminosa, apenas fazem mais do mesmo.

Muitos podem afirmar que o Brasil é um país continental dotado de desigualdades sociais gritantes. E isso é verdade, e de certa forma justifica que os resultados satisfatórios demorem mais a aparecer. Mas será que não estamos “deitados em berço esplêndido”, há tempo demais?

Arrisco dizer, que os gestores públicos nacionais, especialmente os responsáveis pela segurança pública, precisam ouvir as sugestões da população e se espelharem em experiências bem sucedidas de outros países. Contudo, essa responsabilidade é de todos, não apenas do Poder Executivo, mas também do Legislativo criando leis menos paternalistas com os criminosos e do Judiciário, haja vista que este, além de moroso, tem sido muito leniente com os infratores.

Enfim, para melhorar a segurança pública no Brasil, dentre outros fatores, é necessário que os responsáveis adotem o mesmo dinamismo e criatividade dos infratores, e que estes sejam submetidos a punições exemplares, pois estas são pedagógicas no sentido de desestimular o crime. É necessário ainda, que sejam empreendidos planejamentos e ações integradas de curto, médio e longo prazo, pois a continuar como está, em que o combate à violência anda a pé e os criminosos de motocicletas, a sociedade estará sempre em desvantagem, fragilizada e refém dos infratores.

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