A cidade de Patos parece estar prestes a testemunhar mais uma dança das cadeiras no comando do poder público. Além da troca antes do tempo, uma promessa interrompida.
Caso se confirme a candidatura do atual prefeito Nabor Wanderley ao Senado, no próximo ano, a população será novamente governada por um Vice-prefeito, escolhido por estar colado na chapa majoritária.
A renúncia, para atender às exigências do calendário eleitoral — como prevê o artigo 14, parágrafo 6º da Constituição - é legal, sim. Mas... é justa com quem votou esperando quatro anos de gestão? Afinal, o eleitor depositou um voto de confiança em um projeto de governo que deveria ser executado até o fim. E o que se vê, mais uma vez, é que esse projeto parece ser descartável diante das pressões de cima para baixo.
É impossível não perguntar: se Nabor não fosse filho do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, estaria mesmo cogitando deixar o comando da prefeitura para buscar um mandato no Senado?
Não é só uma questão de ambição política - que até seria compreensível num sistema competitivo - mas da forma como o rolo compressor se impõe sobre as responsabilidades. A cadeira de prefeito não pode ser tratada como um cargo de passagem. O respeito à democracia, definitivamente, não combina com atalhos.
E o povo...
O povo espera pela conclusão das promessas e que não são poucas.
Caso aconteça a candidatura de Nabor, o vice-prefeito Jacob Souto assume o cargo de chefe do Executivo patoense. Será que ele terá fôlego para imprimir sua marca ou apenas irá “guardar o lugar” até que outro nome da família Motta esteja pronto para reassumir?
Enquanto isso, a presidência da Câmara, ocupada por Tide Eduardo, ganha um protagonismo inesperado - e preocupante. Em meio a tudo isso, o xadrez político se movimenta. Mas não se engane: o jogo da democracia pode até ser legal, mas nem sempre é limpo.
*Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 2 de julho de 2025.