No papel, eles são servidores públicos. Mas, na prática, a grande maioria dos nossos deputados e senadores vive de legislar em causa própria. Segundo os dados oficiais do TSE, a média patrimonial de um deputado federal gira em torno de R$ 2,4 milhões. Mas essa é só a parte que eles admitem. Há políticos que têm empresas com capital exorbitante, mas "modestamente" informa bens de dois dígitos.
A verdade é que o Congresso Nacional está repleto de milionários e super-ricos, não por acúmulo salarial, mas graças a fortunas herdadas, negócios favorecidos por decisões políticas e, não raro, esquemas de bastidores que fazem do mandato uma extensão do cartório da família.
A elite política brasileira é, em boa parte, a continuação da elite econômica. Um punhado de sobrenomes tradicionais que se revezam entre cargos e privilégios, apadrinhados por um sistema feito sob medida para que a riqueza se reproduza... e a desigualdade também. Nós jamais sabereremos o conforto das mansões à beira-mar financiadas por arranjos que fogem ao radar do cidadão comum - e às vezes até da Receita Federal.
Enquanto o trabalhador aperta o cinto para pagar imposto, o deputado dono de fazenda, emissora ou construtora se aproveita de brechas legais, isenções camaradas e blindagens contábeis. E, mesmo quando declara milhões, é difícil acreditar que ali esteja tudo. O Brasil não é apenas desigual. Somos representados por quem não nos representa, mas que vive do luxo custeado pelo voto popular. E que para manter os privilégios fazem do congresso nacional o seu clube privado.
Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 4 de julho de 2025.